Tipos de pneumonia








Pneumonia Pneumocócica

O Streptococcus pneumoniae (pneumococo) é a causa bacteriana mais freqüente de pneumonia. Uma pessoa infectada com um dos 80 tipos conhecidos do pneumococo desenvolve imunidade parcial a uma nova infecção com este tipo de bactéria em particular, mas não aos outros. Pode ocorrer em qualquer época do ano, no entanto, é mais comum durante o inverno e no inicio da primavera.

O S. Pneumoniae é causa freqüente de pneumonia em pacientes com mieloma múltiplo, síndrome nefrotica, hipogamaglobulinemia, em enfermos cirroticos, bronquiticos crônicos e asmáticos. A via inalatória é dominante.

A pneumonia pneumocócica começa, geralmente, depois de uma infecção viral do tracto respiratório superior ter danificado suficientemente os pulmões para permitir que os pneumococos infectem a zona. A maioria dos pacientes queixa-se de inicio súbito, mas se inquiridos referem que dias antes tiveram nasofaringite ou orofaringite. Após os tremores e os calafrios, aparecem a febre, a tosse com expectoração, a falta de ar e as dores no tórax ao respirar (no lado do pulmão afetado). Costuma haver melhora clínica da dor ao deitar o paciente do lado afetado, ficando imobilizada a parede torácica naquela metade. Também são correntes as náuseas, os vômitos, o cansaço e as dores musculares. A expectoração tem, amiudadas vezes, um aspecto de ferrugem devido ao sangue que contém.

Uma das notáveis características deste tipo de pneumonia é seu processo de resolução, com recuperação completa do parenquima pulmonar em algumas semanas. Na ausculta pulmonar apresenta com crepitações.

Caracteristicamente, o quadro radiológico é o de uma consolidação homogênea, quase invariavelmente com limite periférico em pleura visceral. O broncograma aéreo é uma particularidade muito importante. A distribuição não é necessariamente segmentar. É raro o envolvimento inteiro de um lobo e, por muitas vezes mais de um lobo é comprometido.

Existe uma vacina que protege das infecções pneumocócicas graves em quase 70 % das pessoas vacinadas. A pneumonia pneumocócica pode tratar-se com qualquer dos diversos antibióticos existentes, incluindo a penicilina. Os indivíduos alérgicos à penicilina recebem eritromicina ou outro antibiótico. Os pneumococos que são resistentes à penicilina podem ser tratados com outros fármacos; no entanto, estes pneumococos estão a tornar-se também mais resistentes a esses outros fármacos.
 

Pneumonia por Estafilococo 

O Staphylococcus aureus causa somente 2 % dos casos de pneumonia adquirida fora do hospital, mas, em contrapartida, provoca entre 10 % e 15 % das pneumonias que se adquirem nos hospitais. Este tipo de pneumonia tende a desenvolver-se em pessoas muito jovens ou de idade avançada e em indivíduos debilitados por outras doenças. Prevalece após epidemias de influenza e infecções virais, sobretudo sarampo e varicela, mas particularmente em crianças desnutridas ou distroficas. Também tende a verificar-se nos alcoólicos. O índice de mortalidade é de aproximadamente 15 % a 40 %, devido, em parte, ao fato de os indivíduos que contraem pneumonia estafilocócica, em geral, já estarem gravemente doentes.

O Staphylococcus provoca os sintomas clássicos da pneumonia, mas são mais persistentes na pneumonia estafilocócica do que na pneumocócica. na infância geralmente apresenta sinais de febre, dispnéia, tosse, gemido, batimento das asas do nariz e manifestações gastrintestinais. A presença de macicez  e estertores é extremamente comum no exame físico. No adulto o quadro caracteriza-se por febre em geral elevada, calafrios repetidos, expectoração purulenta ou mucopurulenta e com sangue. Na pneumonia primaria, a bactéria agride os pulmões alcançando a via traqueobrônquica e, com disseminação a partir daí, para a periferia dos mesmo, atingindo os alvéolos e determinando um processo broncopneumônico. OStaphylococcus pode originar abscessos (acumulações de pus) nos pulmões e produzir quistos pulmonares que contêm ar (pneumatocelos), especialmente nas crianças. Esta bactéria pode ser transportada pela corrente sangüínea a partir do pulmão e produzir abscessos em qualquer lugar. A acumulação de pus no espaço pleural (empiema) é relativamente freqüente.

Os aspectos radiológicos mostram freqüentemente zonas pneumonicas que quase sempre evoluem com imagens areolares simples e múltiplas, grandes ou pequenas. Surge com freqüência, espessamento pleural que evolui para derrame homogêneo parcial ou total, acompanhado ou não de pneumotórax. O tratamento inicia com oxacilina e deve tratar o empiema e pneumotórax, quando presentes.

 

Pneumonia por Hemophilus Influenzae

Hemophilus influenzae é uma bactéria. Apesar do seu nome, nada tem a ver com o vírus da influenza que causa a gripe. As estirpes de Hemophilus influenzae tipo b são o grupo mais virulento e provocam graves doenças, como a meningite, a epiglotite e a pneumonia, mas geralmente em crianças com menos de 6 anos. No entanto, devido ao uso amplamente difundido da vacina com o Hemophilus influenzae tipo b, a doença grave causada por este microrganismo está a tornar-se menos freqüente. É uma doença própria da infância e excepcional em adultos, a não ser quando estes últimos são acometidos de influenza, sarampo ou doença pulmonar obstrutiva crônica. Na criança determina um quadro de broncopneumonia com bronquiolite severa, que se caracteriza por tosse persistente, dispnéia, expiração prolongada, roncos, sibilos e estertores esparsos. É freqüente o aparecimento de líquido na cavidade pleural (derrame pleural). 
Recomenda-se a vacina contra os Haemophilus influenzae tipo b a todas crianças. Utilizam-se antibióticos para tratar a pneumonia por Haemophilus influenzae de tipo b.

Pneumonia por Pneumocystis Carinii 

O Pneumocystis carinii é um microrganismo comum que pode residir inofensivamente nos pulmões normais, causando a doença só quando o sistema imunitário está debilitado devido a um cancro ou ao tratamento do mesmo ou devido à SIDA. Mais de 80 % dos doentes com SIDA, que não recebem uma profilaxia estandardizada, desenvolvem em algum momento pneumonia por Pneumocystis. Muitas vezes, é a primeira indicação de que uma pessoa com o vírus da imunodeficiência humana (VIH) desenvolveu a SIDA.

A maioria dos afetados manifesta febre, dispnéia e tosse seca. Estes sintomas geralmente surgem durante várias semanas. Os pulmões podem ser incapazes de fornecer oxigênio suficiente ao sangue, provocando dispnéia grave.

O diagnóstico baseia-se no exame ao microscópio de uma amostra de expectoração obtida por um dos métodos seguintes: indução do escarro (na qual se utiliza água ou vapor de água para estimular a tosse) ou broncoscopia (na qual se introduz nas vias aéreas um instrumento para colher uma amostra).

O antibiótico habitual para a pneumonia provocada por Pneumocystis carinii é o trimetoprim/sulfametoxazol. Mesmo com o tratamento da pneumonia, o índice de mortalidade global é de 10 % a 30 %. 
 

Pneumonia Viral

Muitos vírus podem afetar os pulmões, provocando pneumonia. Os mais freqüentes em lactentes e crianças são o vírus sincicial respiratório, o adenovírus, o vírus parainfluenza e o vírus da gripe. O vírus do sarampo também pode causar pneumonia, especialmente em crianças desnutridas.

Nos adultos saudáveis, dois tipos de vírus da gripe, denominados tipos A e B, causam pneumonia. O vírus da varicela também pode provocar pneumonia em adultos. Nas pessoas de idade avançada, a pneumonia viral pode ser causada pelo vírus da gripe, da parainfluenza ou pelo vírus sincicial respiratório. As pessoas de qualquer idade com um sistema imune deficiente podem desenvolver uma pneumonia grave causada pelo citomegalovírus ou pelo vírus do herpes simples.

A radiologia, na pneumonia viral, é caracterizada por comprometimento bilateral, de aspecto variado, incluindo destes imagens compatíveis com bronquite, lesão intersticial ou preenchimento alveolar até distúrbios de aeração com atelectasias ou hiperinsufalção. O derrame pleural é pouco freqüente e pequeno, geralmente só causando obliteração dos seios costofrênico, sempre associado a lesão parenquimatosa.

Vários autores chamam atenção para diversas anormalias radiológicas associadas em uma mesma radiografia como sendo um ponto muito importante a favor de infecção viral, principalmente se essas lesões sao bilaterais e difusas, predominando em interstício. As imagens de pneumonia viral não variam, seja qual for a idade, apenas nas crianças pequenas é mais freqüente a hiperinsuflação bilateral, nas formas de comprometimento brônquico ou bronquiolar, devido ao pequeno calibre dessas estruturas.

A maioria das pneumonias por vírus não se trata com fármacos. No entanto, certas pneumonias graves provocadas por vírus podem ser tratadas com fármacos antivirais. Recomendam-se vacinas anuais contra a gripe para as pessoas de idade avançada e aqueles que sofrem de perturbações crônicas, como enfisema, diabetes ou doenças cardíacas e renais.
 

Pneumonias Nosocomias

A pneumonia é geralmente considerada a segunda infecção nosocomial mais freqüente no doente hospitalizado, depois da infecção urinária, e está associada a uma elevada morbilidade e mortalidade. Nas Unidades de Terapia Intensivas (UTIs), a incidência da pneumonia nosocomial aumenta devido à ventilação mecânica, constituindo uma complicação difícil de diagnosticar e tratar. Entre os vários fatores predisponentes para a pneumonia nosocomial referem-se a gravidade da doença, a duração de hospitalização e a exposição anterior a antibioterapia, contudo o fator predisponente mais influente é a ventilação mecânica através da entubação traqueal. A maioria das pneumonias nosocomiais parece resultar da aspiração de microrganismos colonizadores da orofaringe. As bactérias podem atingir o aparelho respiratório inferior por inalação de aerossóis contaminados, durante a entubação ou no ato de aspirar o paciente, e mais raramente por disseminação hematogénea. Para que a pneumonia seja considerada nosocomial, é condição necessária que o seu aparecimento ocorra após as primeiras 48 horas de internamento, com exceção da pneumonia nosocomial associada à ventilação, que pode manifestar-se nas primeiras 48 horas em conseqüência da entubação.

A etiologia da pneumonia nosocomial precoce (se ocorrer durante os primeiros 4 dias de hospitalização) depende da flora do doente na admissão, sendo muitas vezes microrganismos da comunidade. Nos doentes com pneumonia nosocomial tardia, além destes podem estar implicados microrganismos hospitalares, como bactérias gram-negativas aeróbias. Tratando-se de uma infecção com tão elevada mortalidade, é decisiva a instituição precoce da antibioterapia, nas doses adequadas à otimização do efeito terapêutico.

A elevada incidência de pneumonia nosocomial, sobretudo nas UTIs, levou ao desenvolvimento de recomendações para a sua prevenção, tais como a manutenção da cabeceira do doente entre 30 e 45 graus para reduzir o risco de aspiração, o controlo da infecção para evitar a disseminação dos gérmens a outros pacientes, educação dos profissionais de saúde, remoção dos processos invasivos assim que possivel, lavagem das mãos e uso de luvas quando necessário, aspiração traqueal adequada, evitar acúmulo de secreção, evitar o uso de equipamentos entre pacientes, proceder a desinfecção adequada do equipamento respiratório
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