Complicações na aspiração traqueobrônquica

A aspiração em pacientes sob ventilação mecânica expõe-nos a sérios riscos, devendo ser feita cuidadosa e criteriosamente para evitar complicações serias ao paciente. A aspiração é um procedimento importante e aparentemente simples para remoção de secreções. No entanto, ela é muitas vezes utilizada sem critérios e cuidados necessários, acabando por acarretar efeitos nocivos ao paciente, como hipoxemia, atelectasia, arritmias e infecções.

- Hipoxemia: a aspiração não somente interrompe a seqüência da ventilação artificial, mas, alem disso pode obstruir temporariamente a passagem se ar nas vias aéreas e aspirar gás intrapulmonar. Alem disso, tem sido demonstrado que a aspiração pode oxigenar um decréscimo significativo na oxigenação arterial (hipoxemia), constatado pela medida de pressão parcial de oxigênio (PaO2) após o procedimento de aspiração. Isso ocorre provavelmente porque o cateter capta tanto secreções como oxigênio das vias aéreas pulmonares. A hipoxemia produzida pela aspiração esta diretamente relacionada com a duração do procedimento; portanto, deve-se limitar este tempo a um total de 12 a 15 segundos, em média.

- Arritmia: a queda da PaO2 é um importante fator clinico, pois, nos pacientes que tem alto shunt pulmonar ou serio comprometimento cardiovascular, a hipoxemia pode causar arritmias cardíacas significativas. Com essas considerações, fica evidente que a hipoxemia e a estimulação traqueal podem ocorrer durante a aspiração e que ambas podem causar mudanças na função cardíaca, pois a estimulação traqueal em pessoas normais pode provocar aumento da atividade simpática, resultando em taquicardia e hipertensão arterial. Ao utilizar esse procedimento o fisioterapeuta ou qualquer profissional devera levar em conta varias características, como diagnostico, ajustes nos ventiladores e gases do sangue arterial antes da aspiração, evitando alterações fisiológicas importantes e nocivas aos pacientes. Outra característica é a idade dos pacientes; crianças e idosos com baixo volume do fechamento apresentam maior probabilidade de sofrer oclusão de pequenas vias aéreas. Alem da diminuição na PaO2 a aspiração traqueal acarreta diminuição na saturação de oxigênio. Assim, utilizando um oximetro de pulso, pode-se constatar redução na saturação de oxigênio sanguíneo durante a aspiração. Os métodos mais comuns para prevenir a dessaturacão e a hipoxemia pós-aspiracão, a fim de reverter os efeitos prejudiciais da aspiração, são hiperinsuflacão pulmonar através da conexão do ventilador durante a execução da técnica e aumento de FiO2 para 100% (hiperoxigenacão) antes, durante e depois da aspiração, como um meio de restituir o oxigênio. Outra variável que pode sofrer alterações como manobra de aspiração é a pressão arterial, que pode apresentar significativo aumento com repetição da manobra. Esse fato tem importância fundamental em pacientes neurológicos com hipertensão intracraniana, quando pode ocorrer piora do quadro clinico.

- Atelectasia: a aspiração também pode resultar em traumatismos mecânicos à arvore brônquica, podendo levar à atelectasia dependendo do cateter utilizado e do tempo de duração da aspiração. O grau de colapso pulmonar dependendo da pressão negativa utilizada para o procedimento, no qual, se forem utilizados altos valores de pressão negativa ou se o tubo for ocluido completamente pelo cateter, podem ocorrer maciças atelectasias, causando redução de volume total de oxigênio dos pulmões. Sendo assim justifica-se a utilização de um controle mais rigoroso da pressão e do tempo de duração do procedimento, pois a atelectasia pode ser causada tanto por aspiração forçada como prolongada. Os traumatismos mecânicos ocasionados pela aspiração traqueobrônquica podem acarretar alterações da mecânica pulmonar, apresentando eventuais mudanças na complacência pulmonar do paciente.

A aspiração é uma técnica simples, mas, além de ser desagradável para o paciente, provoca muitos efeitos adversos, incluindo-se os riscos de infecção, o que pode ser minimizado por uma correta escolha da técnica, do tamanho do cateter, da pressão negativa e da regulação do tempo de aspiração. A assepsia é fundamental na aspiração.

BIBLIOGRAFIA
IRWIN, Scot; TECKLIN, Jan Stephen. Fisioterapia Cardiopulmonar. Editora Manole: São Paulo, 1994. 2º ed. 569 p.

- COSTA, Dirceu. Fisioterapia Respiratória Básica. Editora Atheneu: São Paulo, 1999. 1º ed. 127p.
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