Atuação do fisioterapeuta em todos os momentos do COVID-19










Desde 11 de março de 2020 vivemos oficialmente em uma pandemia pela Covid-19. O assunto notório, amplamente divulgado pelos veículos de comunicação, vem levantado a demanda para a atuação em diversas áreas — e a fisioterapia é uma delas.

Nas hospitalizações por Covid-19, o auxílio da fisioterapia é capaz de acelerar o processo de recuperação do paciente, diminuindo a necessidade de medicamentos e o risco de sequelas após a internação.

Além de fortalecer a musculatura esquelética e reduzir a perda de massa muscular durante esse período, a fisioterapia desempenha um papel crucial para atenuar os sintomas cardiorrespiratórios decorrentes da doença.


No ambiente hospitalar, a presença do fisioterapeuta é importante tanto para o fortalecimento da capacidade pulmonar nos casos menos graves quanto para a execução de procedimentos mais invasivos em pacientes de UTI. É um dos principais cenários de prática do fisioterapeuta respiratório. Este é responsável não apenas por ajustar os parâmetros do respirador, mas também por assistir diversos procedimentos no hospital. Aspiração de vias aéreas, cuidado com o tubo orotraqueal e suspeição de complicações fazem parte de sua rotina.

Fisioterapia em hospitalizados leves

Para os pacientes de Covid-19 que não necessitam de terapia intensiva, a atuação do fisioterapeuta envolve basicamente a educação sobre a doença e o processo de tratamento, além de ações de fisioterapia preventiva para evitar o agravamento dos sintomas.

Além de exercícios respiratórios, as ações podem incluir adequação postural, manutenção de amplitude de movimento e exercícios físicos aeróbios leves.

Considerando as questões de segurança durante a pandemia, em alguns casos essa assistência pode ser feita com o auxílio de vídeos, manuais ou consultas de telemedicina.

Fisioterapia em hospitalizados graves

Nas unidades de terapia intensiva, as intervenções do fisioterapeuta incluem o manejo respiratório e o gerenciamento da postura do paciente, além da realização de atividades de mobilização precoce para evitar complicações decorrentes da imobilidade.

Quando a condição do paciente permite, o fisioterapeuta é o responsável por garantir períodos de ortostatismo para facilitar a função cardiorespiratória. O procedimento consiste em elevar a cabeceira da cama até para a posição sentada durante 30 minutos, três vezes ao dia.

Outro exemplo de troca postural realizada pelo fisioterapeuta é a pronação, manobra que consiste em deixar o indivíduo de barriga para baixo, de modo a evitar o acúmulo de secreção na base do pulmão, reativar as vias aéreas e reduzir a sobrecarga cardíaca.

Dependendo do grau de sedação do paciente, o profissional pode realizar ainda treinamentos ativos ou passivos envolvendo movimento articular, alongamentos e estimulação elétrica neuromuscular (FES).

É importante lembrar que um paciente intubado, desde que esteja acordado e tenha noção corporal, também pode fazer exercícios ativos assistidos

As ações de mobilização precoce podem ocorrer ainda no leito e evoluir para sedestação beira-leito, treino de equilíbrio, treino de sedestação-ortostase, cicloergometria e até deambulação.

Além disso, o fisioterapeuta também tem um papel fundamental na recuperação da função pulmonar do paciente: após dias entubado, ele pode sofrer com hipotrofia da musculatura respiratória e precisar de auxílio após a extubação. Nesse momento, será essencial um acompanhamento estreito do paciente para devolvê-lo sua função respiratória.

Recuperacão pós-UTI

Quando um paciente grave de Covid-19 consegue sair da UTI, é preciso dar continuidade ao tratamento em apartamentos ou enfermarias até que ele esteja pronto para ter alta e possa se recuperar em casa.

A dificuldade de dar alta ao paciente assim que ele sai da UTI se deve ao processo de enfraquecimento muscular que ocorre durante esse período, decorrente da falta de mobilidade e da alimentação estritamente controlada.

É sabido que um paciente crítico pode perder entre 17% e 30% da massa muscular nos 10 primeiros dias de uma internação sob cuidados intensivos. Nos casos mais graves de Covid-19, a permanência na UTI pode durar de duas a três semanas (ou mais).

Para auxiliar na recuperação desses pacientes ainda no hospital, o fisioterapeuta pode recorrer a exercícios com pesos para fortalecer a musculatura respiratória e periférica (braços e pernas).

Fisioterapia após a alta do paciente com Covid-19

O Covid-19 não preocupa apenas pela sobrecarga do sistema de saúde durante a pandemia: também há uma grande preocupação com o período após ela, devido a complicações da Covid-19 e outras doenças.

A  prática já mostrou que uma parcela significativa dos recuperados continuam necessitando de fisioterapia (principalmente respiratória) por um longo tempo após a saída do hospital.

Os especialistas recomendam que a fisioterapia respiratória inicie tão logo o paciente esteja curado dos sintomas mais graves, já que os primeiros sete dias após a alta são decisivos para o desfecho da recuperação funcional.

Considerando problemas como desgaste muscular, desnutrição, perda de peso, dificuldades respiratórias e de deglutição decorrentes da intubação, o trabalho de reabilitação nesses casos pode durar de seis semanas a seis meses.

As atividades propostas incluem desde o uso de um aparelho específico para trabalhar a musculatura respiratória até atividades físicas leves, que não envolvem o uso de pesos ou outros aparelhos.

No caso do exercício respiratório, é necessário um acompanhamento constante do paciente para que se possa quantificar a resistência ideal do aparelho em cada caso.

Vale lembrar que, durante a pandemia de coronavírus, o acompanhamento pode ser feito de forma remota, com o fisioterapeuta repassando orientações de exercícios físicos e respiratórios para o paciente fazer em casa.

Essa modalidade de atendimento está autorizada desde março após uma resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

A fisioterapia respiratória utiliza técnicas para o tratamento e a prevenção de doenças que afetam o sistema respiratório. Para tanto, os fisioterapeutas adotam exercícios que ajudam na expectoração e ampliação da capacidade pulmonar, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.  O período da pandemia pela Covid-19 aumentou a demanda por esse tipo de profissional, algo que pode perdurar ainda por meses ou anos.



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