O especialista em Fisioterapia Respiratória na UTI
UTI é a Unidade de Terapia Intensiva existente nos hospitais e destinada ao acolhimento de pacientes em estado grave com chances de sobrevida, que requerem monitoramento constante (24 horas) e cuidados muito mais complexos que o de outros pacientes.
O percentual de leitos de UTI nos hospitais varia de 7% a 15% dependendo das características de cada hospital (por exemplo, hospitais de grandes centros costumam ter mais leitos de UTI por receberem pacientes de diversos lugares) e a necessidade por mais leitos tende a crescer conforme aumenta a expectativa de vida da população expondo-a a maiores chances de complicações e traumas relacionados a doenças degenerativas e acidentes, além do aumento de índices como a criminalidade.
O objetivo básico das UTI`s é recuperar ou dar suporte às funções vitais dos pacientes enquanto eles se recuperam. Assim, as unidades de terapia intensiva são equipadas com aparelhos capazes de reproduzir as funções vitais dos internados como respiradores artificiais (a criação destes aparelhos reduziu de 70% para 10% a morte de recém-nascidos. A criação das UTI`s representou um grande marco na história da medicina uma vez que possibilitou o atendimento adequado dos pacientes garantindo-lhes melhores condições de recuperação e reduzindo os óbitos em cerca de 70% (Wikipédia).
O profissional que trabalha nas UTI`s é chamado de intensivista e a equipe é sempre formada por diversos profissionais como fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e outros, além dos médicos. Outra função dos intensivistas, principalmente dos enfermeiros e assistentes sociais, é dar conforto e suporte aos familiares dos pacientes uma vez que a situação de internação de algum parente em UTI é sempre delicada para estes.
Alguns dos equipamentos encontrados nas unidades de terapia intensiva: termômetro, oxímetro de pulso (mede a oxigenação nos tecidos do paciente), eletrocardiográfico (mede a frequência cardíaca e a pressão arterial), monitor de pressão arterial, monitor cardíaco, sonda naso-enteral (para alimentar o paciente), sonda vesical (para coletar a urina); máscara e cateter de oxigênio (auxiliam a respiração), cateter (dispositivo que auxilia a circulação sanguínea), tubo orotraqueal (auxilia a respiração do paciente), ventilador mecânico (injeta e retira ar dos pulmões do paciente quando este não consegue respirar sozinho).
Além dos protocolos de mobilização, o fisioterapeuta na UTI tem um papel importante no tratamento de algumas alterações pulmonares, tais como:
-Fraqueza e descondicionamento muscular respiratório,
-Colabamento alveolar por hipoventilação alveolar,
-Acúmulo de secreção em vias aéreas superirores e inferiores,
-Sobrecarga muscular por causas que o médico pode tratar o fator causal.
Uma destas alterações são as atelectasias obstrutivas por secreção, que ocorrem devido ao acúmulo de secreção nas vias aéreas, com consequente desenvolvimento de atelectasias, que é o colabamento de um lobo ou de todo um pulmão. As intervenções fisioterapêuticas para remoção de secreção e expansão pulmonar são capazes de reverter estas atelectasias, tendo como consequência, a melhora da insuficiência respiratória, eliminando a necessidade de tratamentos mais invasivos, como a intubação traqueal.
Muitos pacientes que são submetidos à ventilação mecânica apresentam fraqueza muscular respiratória, a qual acarreta um desmame ventilatório difícil, prolongamento da estada hospitalar e associação com desfechos clínicos negativos. O treinamento muscular inspiratório é uma das estratégias realizadas para tratar a fraqueza muscular respiratória e acelerar o desmame ventilatório, minimizando as complicações associadas. O fisioterapeuta é o profissional que previne, avalia a fraqueza muscular e prescreve a forma e intensidade do treinamento muscular respiratório, após discussão com a equipe multiprofissional.
Outro importante papel do fisioterapeuta nas UTIs é a indicação, instalação e monitorização da ventilação não invasiva nos pacientes com insuficiência respiratória e que tenham critérios para aplicação da intervenção. Esta, quando realizada no momento oportuno, pode reduzir a ocorrência de intubação traqueal e o risco de óbito, bem como, pode ser utilizada de forma profilática após o desmame ventilatório, para que não haja retorno para ventilação mecânica invasiva. O fisioterapeuta tem um importante papel nesse processo, juntamente com os demais membros da equipe multiprofissional.
O especialista em fisioterapia respiratória tem sido cada vez mais solicitado e sua presença nas Unidades de Terapia Intensiva cada vez mais freqüente, porém sua formação e qualificação nem sempre são suficientes para a plena atuação nesse ambiente tão exigente quanto a competência da equipe multiprofissional. Faz-se necessário que o fisioterapeuta seja habilitado por uma sólida formação e bagagem prática para indicar, escolher e aplicar condutas específicas da fisioterapia respiratória na resolução de casos complexos, caso contrário, tanto a efetividade do trabalho pode ficar comprometida quanto os riscos ao paciente podem aumentar de forma proibitiva.
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