Avaliação da Capacidade Funcional em Pacientes Pós-COVID: Quando Reabilitar e Com Quais Métodos?

 


A COVID-19 deixou um legado importante na área da fisioterapia respiratória: pacientes que, mesmo após a alta hospitalar, mantêm sintomas e limitações funcionais significativas. E aqui entra uma questão fundamental: como avaliar a capacidade funcional de forma precisa e decidir o momento certo para iniciar a reabilitação?

Entendendo o Perfil Pós-COVID

Muitos pacientes chegam ao ambulatório com queixas persistentes: fadiga, dispneia aos esforços mínimos, fraqueza muscular generalizada, intolerância ao exercício, entre outros. Esses sinais não estão necessariamente relacionados à gravidade da doença na fase aguda. Mesmo pacientes que não foram internados podem desenvolver a chamada Síndrome Pós-COVID, caracterizada por sintomas prolongados, principalmente respiratórios, neuromusculares e psicocognitivos.

Por isso, o primeiro passo do fisioterapeuta é escutar com atenção ativa. Cada relato de dificuldade nas AVDs (atividades da vida diária) importa.

Quando Reabilitar?

A resposta direta: assim que o paciente apresentar qualquer limitação funcional clinicamente significativa. Isso pode ocorrer:

  • Ainda durante a internação (na transição da UTI para a enfermaria);

  • Logo após a alta hospitalar;

  • Ou até semanas após a infecção, mesmo em pacientes não internados, mas sintomáticos.

A janela ideal é o mais precocemente possível, desde que o paciente esteja clinicamente estável.

Como Avaliar a Capacidade Funcional?

A escolha dos testes depende do ambiente e do quadro do paciente, mas algumas ferramentas são essenciais:

1. Teste de Caminhada de 6 Minutos (TC6M)

  • Avalia tolerância ao esforço.

  • Permite medir dessaturação, frequência cardíaca, dispneia e fadiga.

  • Uma redução na distância percorrida em relação ao esperado pode indicar comprometimento importante.

2. Short Physical Performance Battery (SPPB)

  • Avalia equilíbrio, marcha e força de membros inferiores.

  • Útil principalmente em idosos e pacientes com comprometimento motor relevante.

3. MIP/MEP (Pressões Inspiratórias e Expiratórias Máximas)

  • Avaliam força da musculatura respiratória.

  • Essenciais em pacientes com queixas de dispneia ou fraqueza muscular global.

4. Escalas de Dispneia e Fadiga (Borg, MRC)

  • Subjetivas, mas valiosas para correlacionar com os relatos do paciente.

5. Avaliação da oximetria em repouso e esforço

  • Importantíssima em pacientes com DPOC ou fibrose pós-COVID.

Quais Métodos de Reabilitação Utilizar?

Após a avaliação funcional, o fisioterapeuta pode direcionar o plano de intervenção. Entre os recursos com mais evidência estão:

✅ Treinamento Aeróbico Progressivo

  • Caminhada, bicicleta ergométrica, elíptico ou mesmo exercícios em casa.

  • Sempre com monitoramento de FC, SpO₂ e intensidade percebida.

✅ Treinamento de Força Muscular Global

  • Foco em MMII e tronco, para restaurar autonomia funcional.

  • Utilizar cargas leves e progressivas, respeitando sintomas.

✅ Reeducação Ventilatória

  • Técnicas como ventilação diafragmática, controle da respiração e respiração com freno labial.

  • Essenciais para reduzir a sensação de dispneia.

✅ Treinamento da Musculatura Respiratória (TMR)

  • Uso de dispositivos resistivos como o Threshold IMT.

  • Indicado em pacientes com MIP reduzido e sintomáticos.

✅ Educação e Autogerenciamento

  • Ensinar o paciente a reconhecer sinais de piora.

  • Orientações sobre economia de energia e retorno gradual às atividades.

Cuidados na Abordagem

O fisioterapeuta deve estar atento a:

  • Limites clínicos: pacientes com comorbidades cardíacas, diabetes descompensado ou doença neuromuscular exigem atenção redobrada.
  • Sintomas flutuantes: muitos pacientes apresentam piora em ciclos. Respeitar o tempo do organismo é fundamental.
  • Cansaço pós-esforço: um sintoma comum que exige abordagem individualizada.

Vamos Concluir?

A reabilitação pós-COVID não é um protocolo padronizado. É uma escuta cuidadosa, uma avaliação clínica criteriosa e uma intervenção ajustada à realidade funcional do paciente. O fisioterapeuta, mais do que nunca, precisa agir com sensibilidade e conhecimento técnico para devolver o máximo de independência e qualidade de vida possível.

 


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